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Partilha interior: a dor de aceitar o teu tempo… no tempo do meu

Em tão pouco tempo, tudo muda.

Num instante, tudo o que parecia certo desfaz-se, revelando a imprevisibilidade da vida.

De repente, compreendemos: o que realmente tem valor… é efémero.


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Ontem estavas aqui, ao meu lado. Hoje… já não.


E afinal, o que vale mais do que o agora?

O momento presente — este que partilhámos — é o que enche o coração de gratidão e de felicidade.

É ele que preenche a alma com plenitude e com amor.


O amanhã é apenas um esboço no tempo,

uma promessa incerta num mundo onde nada é garantido.


O que verdadeiramente importa é este instante:

quando nos unimos no silêncio cheio de significado.

Quando somos dois seres em evolução.

Quando brincamos como crianças num mundo de incertezas.


A dor do adeus.

A dor de ter de aceitar.


Esperava que este momento estivesse longe, muito longe…

Mesmo quando dizias que a tua missão ao meu lado estava cumprida.

Mesmo quando sentia que já me olhavas de outro lugar.


O meu budinha, o meu companheiro de alma…

Continuarás sempre ao meu lado.

A tua presença ecoa nas pequenas coisas, nas mensagens que me deixas,

no olhar silencioso que ainda sinto a acompanhar-me.


Sigo meio adormecida, como se tudo isto fosse mentira…

Acreditava que me verias envelhecer, a pedir ao meu sobrinho

para me trazer ervas para tisanas, chocolate e vinho — as minhas paixões.


Tinha esperança. Esperança que melhorasses.

Que o nosso tempo se tornasse eterno.

Mas o tempo tem os seus próprios desígnios.

Ele não segue o compasso do meu coração.


Era frágil, esta esperança.

Foi vã.

Mas, ainda assim… vives em mim.


Então, resta-me:

Acalmar a mente por tudo o que não posso controlar.

Acalmar o coração com gratidão.

Deixar a alma sorrir pelas dádivas da nossa partilha e do nosso caminho juntos.


A vida é um sopro.

Os anos passam.

O fim aproxima-se — sereno, silencioso.

E eu aprendo, dia após dia, a aceitar o teu tempo…

Mesmo que não coincida com o meu.


Com gratidão,

Cátia Santos

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