Partilha interior: a dor de aceitar o teu tempo… no tempo do meu
- Escrita e Tisanas D'Alma
- 21 de mai.
- 2 min de leitura
Em tão pouco tempo, tudo muda.
Num instante, tudo o que parecia certo desfaz-se, revelando a imprevisibilidade da vida.
De repente, compreendemos: o que realmente tem valor… é efémero.

Ontem estavas aqui, ao meu lado. Hoje… já não.
E afinal, o que vale mais do que o agora?
O momento presente — este que partilhámos — é o que enche o coração de gratidão e de felicidade.
É ele que preenche a alma com plenitude e com amor.
O amanhã é apenas um esboço no tempo,
uma promessa incerta num mundo onde nada é garantido.
O que verdadeiramente importa é este instante:
quando nos unimos no silêncio cheio de significado.
Quando somos dois seres em evolução.
Quando brincamos como crianças num mundo de incertezas.
A dor do adeus.
A dor de ter de aceitar.
Esperava que este momento estivesse longe, muito longe…
Mesmo quando dizias que a tua missão ao meu lado estava cumprida.
Mesmo quando sentia que já me olhavas de outro lugar.
O meu budinha, o meu companheiro de alma…
Continuarás sempre ao meu lado.
A tua presença ecoa nas pequenas coisas, nas mensagens que me deixas,
no olhar silencioso que ainda sinto a acompanhar-me.
Sigo meio adormecida, como se tudo isto fosse mentira…
Acreditava que me verias envelhecer, a pedir ao meu sobrinho
para me trazer ervas para tisanas, chocolate e vinho — as minhas paixões.
Tinha esperança. Esperança que melhorasses.
Que o nosso tempo se tornasse eterno.
Mas o tempo tem os seus próprios desígnios.
Ele não segue o compasso do meu coração.
Era frágil, esta esperança.
Foi vã.
Mas, ainda assim… vives em mim.
Então, resta-me:
Acalmar a mente por tudo o que não posso controlar.
Acalmar o coração com gratidão.
Deixar a alma sorrir pelas dádivas da nossa partilha e do nosso caminho juntos.
A vida é um sopro.
Os anos passam.
O fim aproxima-se — sereno, silencioso.
E eu aprendo, dia após dia, a aceitar o teu tempo…
Mesmo que não coincida com o meu.
Com gratidão,
Cátia Santos
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